16 de outubro de 2007

Decálogo do Educacionismo

Escrito por Cristovam Buarque
e assinado em baixo por mim.

1) A civilização industrial do crescimento econômico se esgotou na depredação ecológica e na divisão social. Se nada mudar, em poucas décadas, o aquecimento global desarticulará a economia e banirá a vida de muitas regiões do planeta. A desigualdade social se transformará em apartação social e quebrará o sentimento de semelhança entre os seres humanos.

2) A alternativa socialista se esgotou na ineficiência econômica, na falta de liberdade individual, na depredação ecológica e na constatação da falsa igualdade entre cidadãos.

3) O vazio de alternativas criou um sentimento de "fim da história", de "morte das ideologias" e "ausência de lideres", e deixou a política acomodada, impotente frente à marcha para a catástrofe do aquecimento global e da apartação global.

4) O Educacionismo defende a recuperação dos sonhos utópicos para a construção de um projeto civilizatório. Propõe como utopia a garantia da mesma chance para cada ser humano desenvolver seu potencial, conforme seu talento e sua persistência.

5) A mesma chance entre classes será obtida (i) por uma revolução educacional, que garanta a cada criança o acesso a uma escola com a mesma qualidade, qualquer que seja sua classe social ou a cidade onde ela viva, e (ii) pela adoção das medidas necessárias para a construção de um modelo de desenvolvimento sustentável que assegure os benefícios do desenvolvimento para as próximas gerações.

6) A escola de qualidade para todos exige padrões nacionais de equipamento e conteúdo, e um alto padrão nacional de salário e de formação do professor, que passa a ser visto como o principal agente da construção do programa e da utopia.

7) O educacionismo considera que o trabalhador do futuro deixará de ser operário e se transformará em operador, e que o capital-máquina será substituído pelo capital-conhecimento. Para tanto, a revolução educacional deverá ensinar um ofício moderno a cada jovem, ainda no Ensino Médio. Deverá ainda ir além da educação de base, fazendo uma refundação da universidade brasileira e criando os necessários centros de geração de ciência e tecnologia, em todas as áreas do conhecimento, garantindo a cooperação entre os setores públicos e privados.

8) Esses instrumentos revolucionários, necessários para a construção da utopia, exigem uma base eficiente nos sistemas político, social e econômico: (i) político: a definição de regras duráveis, que possam reger o processo democrático, garantir as liberdades individuais, assegurar justiça sem privilégios, dar poder ao eleitor e incentivar a participação popular e o respeito aos Três Poderes; (ii) social: assegurar a todos o acesso a saúde, moradia, água, esgoto, coleta de lixo, transporte público, serviços culturais; (iii) econômico: equilibrar as contas públicas, construir a necessária infra-estrutura de energia, transporte e serviços de logística, e dar um choque de eficiência na gestão dos negócios públicos e privados.

9) Consciente de que essa base eficiente e os instrumentos transformadores demorarão a apresentar resultados, o educacionismo considera necessário lançar um programa emergencial para enfrentar três problemas: o desemprego, a violência e a corrupção.

10) Na visão educacionista, o processo político se faz não apenas pelos filiados aos partidos organizados em siglas, mas sobretudo por militantes organizados em torno da causa educacionista, seja no processo eleitoral, seja nos movimentos sociais ou nas manifestações organizadas na rede virtual.
(Fonte: site www.cristovam.com.br)
(Foto utilizada: site www.albertsabin.com.br)

14 de outubro de 2007

Atrapalhar ajudando!

Citação de um blog muito interessante que achei pelas andanças da leitura: Dulcinea Cassis

"Pessoas que carregam os problemas e as responsabilidades de outros. Os motivos que levam as pessoas a agirem dessa forma são muitos. A maioria deles revestidos do sentimento e desejo de mostrar-se como uma pessoa "boa", que "ama" o outro. Mas, na realidade, é mais um "quero parecer 'bom' para ser amado". E nessa busca, acaba-se complementando de forma não saudável o outro, pois, "já que fazem por mim, não preciso fazer por mim mesmo". Sem a oportunidade de assumir as próprias responsabilidades, o outro deixa de crescer e assumir a sua própria vida. Conseqüentemente, ao querer fazer pelo outro o que ele mesmo deveria fazer, eu impeço o seu crescimento, não lhe faço bem. Ou seja, querendo ser "bom", acabo sendo "mau". Não somente para o outro, mas também para mim mesmo, pois assim como carregar muito peso nas costas faz mal à coluna, carregar a responsabilidade do outro faz mal à alma, e adoece fisicamente também."

Aqui o link do texto completo.

Aqui o link do Blog. (Se bem que já está na seção 'Os Outros')

6 de outubro de 2007

Auto-Sabotagem

Eu estava na estrada, voltando de Mossoró, e me dei conta de um comportamento completamente sabotador do brasileiro.

Quase todo carro ou caminhão que cruzava na estrada me dava sinal de luz. Inicialmente, eu achei que os outros motoristas indicavam animal na pista, mas eu não vi nenhum. Depois achei que eles estavam me avisando que o meu farol estava aceso mesmo de dia. Como eu sempre viajo com o farol aceso por questão de segurança, não liguei.

Depois de uns 30 Km dos primeiros avisos, tinha uma blitz da polícia militar. Uma barreira na fronteira do estado, provavelmente estavam procurando algum criminoso fugitivo. Só aí foi que me caiu a ficha. Eu sou mesmo muito ingênuo. Os motoristas estavam me avisando sobre a polícia.

Eu já tentei, mas ainda não consegui entender o que leva essa gente a agir assim. Ora, vejam só. Eu aviso a um criminoso procurado que a polícia está fazendo um bloqueio na estrada. O bandido desvia e foge. E eu fui o responsável pela informação para o bandido fugir. Que lindo!! Aí o delinquente não é pego, chega na minha cidade e assalta a minha casa. Aí eu vou encher a boca pro reporte policial colocando a culpa na polícia que não faz a parte dela.

É uma solidariedade que o brasileiro tem com o criminoso e contra a polícia e a lei que eu não entendo.

Mesmo que a intenção seja avisar apenas para colocação do sinto de segurança ou outro desvio pequeno, a sabotagem ainda é grave. Está apoiando uma infração que põe em risco a segurança no trânsito.

Não basta burlar as regras, tem que dar apoio aos outros que burlam. Mais uma função do "Jeitinho Brasileiro".

Mas não adianta ficar reclamando e se indignando com os casos de violência e corrupção se cometemos esses atos de sabotagem social. São esses pequenos gestos que dão suporte à cultura do jeitinho e da pequena infração inofensiva. Ora, são exatamente essas pequenas infrações que dão abertura para que cometam as maiores. Afinal, uma pessoa pode se achar no direito de julgar uma infração como grave ou leve a seu próprio critério e interesse. Exite argumento e desculpa pra tudo. Mas se é infração é infração.

A lei existe também como um mecanismo de ajustamento social. Se você acha que os legisladores não trabalham para isso, reveja o seu voto e exerça controle social sobre eles. Não fique só esperando a grande mídia fazer este controle, porque eles tem interesses diferentes dos da população.

Eu sou mesmo é partidário da política de tolerância zero. É o combate às pequenas infração que criam um ambiente e cultura inibidores de delitos mais graves. E isso é papel de cada um e não apenas do governo ou da polícia. Só existe o espertinho do trânsito porque há um mané que deixa ele passar lá na frente.