23 de dezembro de 2008

Natura e o respeito à mulher

Copio o desabafo de um conhecido que também me indignou. Infelizmente é uma prática comum, mas vindo de uma empresa que tem a mulher como foco, é inconcebível.

Leiam isto, espalhe e tenham um consumo socialmente responsável.



"Minha esposa foi demitida ontem da Natura com a justificativa de resultados ruins. Situação corriqueira nas empresas se não ocorre uma situação: ela acabou de voltar de uma licença-maternidade. Quando ela saiu de licença, já sabia do zum-zum-zum que o período que deveria cuidar se sua filha seria uma ficção-legal, que quem sai, precisa voltar a trabalhar quase que imediatamente (o trabalho é feito em casa). Como consequência, outra funcionária na mesma situação com filho de 2 meses anunciara a sua volta porque "viu o que aconteceu com ...".

Pergunto: é este o respeito que a Natura tem com a mulher? A imensa maioria de seus clientes são mulheres, de seus funcionários também (excluindo, claro, os cargos de chefia, dominados se não pela totalidade, por homens).

Eu não estaria tão irritado se a decisão fosse baseada em corte, reestruturação... mas desempenho num período que não trabalhou e que gozava de um direito constitucional? Nos dois primeiros anos de empresa ela conseguiu ser promovido por suas habilidades, agora, colocar um ônus na minha pequena filha de 6 meses, não ó.

Já não bastasse a situação, a dispensa foi realizada menos de 24hs depois de uma "confraternização" de fim de ano. Se puder dar um conselho... Natura, faça isso não. Isto é hipocrisia. Como é hipocrisia slogan da boca pra fora. Uma dia as pessoas descobrem. Também não envie o chefe para visitar a gestante e na presença da família inteira, inclusive de crianças, se comprometer "que não se preocupe, estará tudo bem, terá tempo para re-organizar". Se for para fazer este tipo de "social" para não cumprir palavra. Não faça."

Resumo da ópera: eu não compro mais nada da Natura.

Texto original em: http://www.navegantes.org/

7 de dezembro de 2008

Registro

Nunca é demais lembrar: A OI é uma merda!!

2 de dezembro de 2008

Mundo Melhor X Competição

Recebi um e-mail da Gleyda, minha amada, com uma entrevista de Luc Ferry, um filósofo francês contemporâneo. Ele já foi inclusive ministro da educação da França e é uma das vozes ouvidas pelo Sarkozy. Existe um trecho da entrevista que ilustra bem o meu dilema colocado no post anterior:

"Há um descontentamento generalizado no mundo moderno. A sociedade se interessa mais pelos meios em si do que pelos fins. Um olhar sobre o Iluminismo ajuda a compreender esse novo mundo. As mentes mais brilhantes do século XVIII buscavam nas ciências e nas artes emancipar a humanidade do obscurantismo da Idade Média. Tudo era feito com o objetivo de, no fim, alcançar a liberdade e a felicidade. Hoje, o movimento das sociedades não se inspira em ideais superiores em termos de civilização. A sociedade se movimenta no sentido de estabelecer a concorrência acirrada entre todos os indivíduos, sem objetivos finais claros. A história não se move pela aspiração a um mundo melhor, mas pela ação mecânica da competição. O êxito pessoal é o que importa. Precisamos ter poder, dinheiro, um carro novo, uma mulher nova, os filhos mais bonitos, tudo para conseguir o reconhecimento alheio e nos sentir superiores aos outros. Como dizia o filósofo romano Sêneca, enquanto esperamos viver, a vida passa rapidamente."

É exatamente esta aspiração a um mundo melhor que entra em conflito com a ação mecânica da concorrência. Acredito muito na meritocracia e na necessidade da competição como forma de evolução individual e coletiva, mas tento fazer essa evolução ser útil para a transformação do mundo em algo melhor. Confesso que o caminho que ando seguindo não está me levando para este objetivo, ou pelo menos não sinto que esteja. Pode até estar e isso gera mais uma dúvida cruel.

Sou uma pessoa competitiva, sei disso. E dá para ser competitivo e ético e ainda ter sucesso. O problema é a definição de sucesso. No que diz respeito ao sucesso individual, acho que não estou ruim. Me considero uma pessoa bem sucedida, mas com muito ainda para alcançar. Quando penso que sucesso é a busca da felicidade e da auto-realização como ser humano, me sinto andando na contra-mão. Não sou infeliz. Com tudo e com todos que tenho na vida isso seria uma blasfêmia. O problema é que tenho aquela "aspiração a um mundo melhor" muito forte dentro de mim e não me vejo, atualmente, fazendo nada nesse sentido.

Me sinto hoje uma peça importante no mecanismo de desenvolvimento econômico do país, e só. E eu não tenho nem a certeza de que isso é algo tão bom. Quero o desenvolvimento humano e social. Quero usar meu suor e minha inteligência para isso, e não para gerar divisas e dividendos. E acho que poderia fazer isso. Não sei exatamente como, mas ando pensando muito nisso. Existe sim uma maneira de usar minhas forças com maiores resultados sociais que hoje. Espero achar o eixo. Enquanto isso, vou fazendo o melhor possível meu papel atual no jogo.

1 de dezembro de 2008

Inconstância

E eu no meu eterno dilema entre usar o pouco da inteligência que tenho para obter coisas para mim ou dar contribuições ao mundo. Um lado orgânico me leva a obter e um lado espiritual me indica a doação. Enquanto não consigo decidir, tento fazer os dois. O problema é que eu nunca acho o tal do equilíbrio. Mas a busca continua, e o preço é a inconstância do ser e do pensar. Me desculpem os que precisam me aguentar nesta gangorra.