
A democracia é assim denominada por ser a forma de poder na qual as escolhas estão na mão do povo. Isto é, a teoria assim a denomina. Mas será que existe ou poderá um dia existir de fato democracia?
A democracia tem como premissa básica a condição de um voto por cabeça. Assim, independente do poder econômico ou intelectual as pessoas têm o mesmo poder de escolha. Por isso dizemos ser um regime representativo, todo o povo vota e os governantes representam todo o povo.
Não é preciso argumentar para que se saiba que não é isto o que ocorre, todos vemos. Os governantes representam, em sua maioria, uma minoria da sociedade e isto é facilmente comprovado pelos maiores beneficiário das decisões dos três poderes, executivo, legislativo e judiciário.
Acredito que o fator de maior relevância pra que haja esta discrepância se chama Lobby. Esta é a ferramenta utilizada pela parte da sociedade que é de fato representada, à revelia do restante da população.
Porém, este é considerado por muitos um instrumento importante da vida democrática. Seria uma ferramenta de comunicação. Grupos organizados se utilizariam do Lobby para pressionar as instâncias tomadoras de decisões para que estas sejam favoráveis a suas demandas.
Isto se aplica também a outros planos, como as famílias e empresas. Um empregado faz Lobby para que o seu projeto seja aprovado pela gerência. Um filho faz Lobby para que os pais aprovem uma viagem de férias e assim por diante.
O Lobby seria então mais que importante, seria necessário para comunicar os anseios dos representados aos tomadores de decisão. As decisões seriam tomadas, em tese, por uma síntese dialética das reivindicações, maximizando a satisfação das necessidades demandadas.
A questão recai, então, sobre os fatores éticos e econômicos da ferramenta. O Lobby efetuado por um ramo forte da economia teria o mesmo peso que o Lobby exercido pelas associações de bairro? Seria ético fazer Lobby para aprovação de uma medida sabidamente maléfica à sociedade como um todo para benefício econômico de poucos?
Os descaminhos desta prática vão além do poder dos votantes. Este mesmo poder é relativo. O poder econômico, que tudo pensa comprar, também compra os meios de comunicação de massa, tão dependentes do capital. Ele compra com o objetivo de “vender” idéias aos eleitores, isto apenas para exemplificar o âmbito eleitoral. No final nós não sabemos se estamos escolhendo nossos representantes ou representantes de outrem.
Sendo o ser humano muito fácil de manipulação psicológica e social, ficam as questões: a democracia será aplicada de forma ética um dia? O poder do capital deixará de exercer poder de decisão maior que o poder social?
Não sei as respostas. Sou inclusive meio pessimista a este respeito. Porém, uma coisa pra mim é certa: existe uma maneira de diminuir o poder do capital e aumentar o poder do povo que é a educação de qualidade e universal. No dia em que todos os filhos tiverem acesso a uma escola com a qualidade das escolas dos filhos dos ricos as forças terão medidas mais justas.